O Sexo no marketing
Quando o Brasil foi proclamado por uma pesquisa Britânica (*) em campeão mundial na prática de sexo, por certo esse fato espelhou não somente o comportamento de um povo, mas acima de tudo um estilo de vida, centrado no prazer.
Talvez ainda, como um refúgio de crises ou até mesmo como uma forma de lazer, o fato é que a complexa sociedade de consumo brasileira vive sob o impacto do sexo: nas telenovelas, no cinema, na mídia impressa e, sobretudo na propaganda, respira-se sexo.
A guerra das cervejas nos verões de 2002 e 2003 acirrou a disputa de mercado com base em sexo: a Kaiser provocou e as respostas da Skol, da Brahma e da Anterctica vieram em seguida, até a Shincariol deixou a timidez de lado e entrou na briga, que visa associar o tomador de cerveja ao conquistador de sucesso.
Pois bem, para conquistar e manter clientes homens e mulheres são seduzidos, por anunciantes com apelos à base em sexo.
E não é por outra razão que o marketing – por meio da publicidade – utiliza conceitos de sedução e fantasia, associados ao relacionamento homem-mulher, para estimular a concretização de desejos por meio de consumo de produtos e serviços. O que tem provocado a ira de uma deputada federal do PT, propondo inclusive a proibição do uso da imagem da mulher na guerra das “loirinhas” bem geladas.
Originalmente, o marketing foi exercido como uma metodologia para estimular vendas.
Hoje, no entanto, seu foco mudou: seu objetivo é conquistar e manter clientes.
E como as pessoas, que habitam a sociedade de consumo, são movidas em busca do atendimento de suas necessidades e estão cada vez mais ávidas em busca da realização de desejos e de obter prazer, o esforço de marketing acompanhou essa tendência e passou a ser dirigido para suprir essas expectativas.
Dessa maneira o marketing contemporâneo pode ser redefinido como: “Uma forma de identificar necessidades não atendidas no mercado para desenvolver produtos ou serviços que supram essas necessidades e que, de alguma maneira, ajude o consumidor a realizar desejos de forma a ter satisfação e prazer.”
Na verdade o marketing apenas observou uma tendência e passou a dirigir o seu foco para a realização de desejos explícitos e até mesmo ocultos. Ou seja, os desejos explícitos são aqueles que estão ao nível do consciente das pessoas, ao passo que os desejos ocultos, são aqueles que estão ao nível do inconsciente das pessoas e, portanto não são identificados com facilidade. As pessoas sentem vontade de “algo” mas não sabem porque. São desejos que não são identificados em pesquisa de mercado tradicionais, apenas por meio de pesquisas motivacionais é os desejos ocultos se revelam.
Por outro lado, vale lembrar que a vida moderna confina as pessoas em verdadeiros guetos sociais e profissionais, proporcionando pouco espaço para as realizações pessoais. E o sexo passa a representar uma forma de libertação, afirmação social, pessoal e afetiva. E produtos como a roupa, o calçado, o perfume, a bebida, o cigarro, as jóias e o automóvel, entre outros, são símbolos sexuais para a afirmação pessoal, tanto de poder quanto de prazer. O sexo é, portanto, um porta-voz do poder e do prazer. É ao mesmo tempo, motivação e objetivo. Um exagero? Quem sabe. O fato é que os sociólogos, ao estudar a influencia da moda no comportamento das pessoas, descobrem que os cânones da beleza indicam refinamento, elegância e delicadeza como formas de expressão de sexualidade.
A mulher procura tornar-se atraente e desejada pela sua beleza física, expressa pelo corpo, pelo aroma, pela roupa, e por sua inteligência e intelectualidade. O homem busca a sensualidade do corpo, da inteligência e da agilidade verbal associada à roupa e ao carro, como símbolos de força e potencia. A mulher usa o perfume como química do processo de sedução.
E de que maneira o sexo se insere no estudo de fenômenos de marketing? Bem, o que se observa no mundo dos negócios, é que não existe sexo sem marketing, assim como não existe marketing sem sexo e nexo.
Como o consumidor é o centro de todo esforço de marketing é preciso entender o seu comportamento, diante de tanta exposição à oferta de sexo e esse é um grande desafio.
É, portanto, uma reflexão entre a causa e o efeito. Quem surgiu primeiro, o marketing no sexo ou o sexo no marketing? Quando Eva seduziu Adão, ainda no Paraíso, ela usou o sexo como meio de sedução ou foi a cobra que exerceu o papel de mídia para valorizar a sexualidade? De lá para cá muita coisa mudou. Mas estudar o comportamento de compra das pessoas, analisar estilos de vida, nada mais é do que compreender o escopo da sexualidade a serviço do marketing.
Portanto, em uma sociedade complexa como a atual, o papel do marketing é ampliar o leque de conhecimento sobre o ser humano, para compreender a sua alma, procurar interpretar comportamentos, identificar tendências, para acertar cada vez mais, proporcionando satisfação e prazer às pessoas enquanto consumidoras...procurando preservar as relações como em um relacionamento amoroso.
Seduzindo de uma forma constante e encantando por meio de ações mágicas. Esse é o papel do moderno profissional de marketing: sedutor e mago...
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